sábado, 8 de junho de 2013
sexta-feira, 7 de junho de 2013
ALGUNS CONTOS...
alguns contos
by bràz dy vinnuh
“às vezes
minha solidão queima –
para acalmá-la –
invento geleiras.
às vezes
para tentar afogá-la –
invento fogueiras.”
[tédio - francisco p. santos].
homem – homem – amo(r) sem nome.
tua cara – cara tara...
não repare – pare
repare –
não pare – tare vare
pari –
cara tua tara é rara...
e tara qualquer cara de pau. hein!
cara? – cara não para.
rara tara fará – claramente
mente – mente – clara – clara –
clara – clara santíssima nova –
mente – cara – coa(dor)
cor(ação) leão pavão fauno
flora favo mel – aço de papoulas –
criador criatura criação – criancinha lobo mau.
wal. varal varão verão –
vem maciez fálica – bélica bela comigo
contrapartida 3, 2, 1... no fim é que se conta –
apronta mais contigo – comigo contigo comigo –
cuidado frágil coraçãozinho
“sou fera ferida”
novamente no corpo, na alma.
na mente e no coração
no dente tente sente tesão – invente não
minta levante tua – uva raposa fox cruz rapto
tua pele toda – minha crina
dosa-me calafrios arrepios
mios – cios – rios – chios – desplante
cante – roa – à toa. bom – boa –
lendário – só é possível ao
peixe raro
viver fora do aquário – de igual pra
igualmente – tem gente que não mente
por ser igualmente diferente – dor não
rima com solidão rima não...
tão bom – "um’son" – tom
dom dadivante levante.
[falsa rubrica]
black-out. uma fagulha de luz na escuridão. os refletores começam a formatar a lua cantriz. a luz aumenta a intensidade
gradativamente, até clarão total. máscaras. com âmbar transparente. quase futurou.
não fosse o patriotismo. o credo. a
religiosidade. a política “pregressou”. a lua parece uma maçã do amor. vermelha com cobertura
crocante e transparente. visto de perto ou de longe era algo em movimento. com
luz naturalmente tomada emprestada do sol. alguns raios. algo assim como um
sorriso. um improviso. um amigo. (uma) outra metade inimigo. um aviso. bedotti.
pavarotti. camões. tinha que ser claro.
misterioso. do jeito do clarão da lua.
aos olhos do público o ator transforma-se em personagem.
tudo escuro atrás do muro. apenas a luz da
penteadeira dava o toque de luminosidade. o ator epoa-se. quem sabe ele esteja
vestido com um manto com caimento. vermelho. amplo. mangas largas. ¾ ou só um pouco acima das mãos. uma malha preta inteira.
mangas longas até às mãos, encaixando-se aos polegares. nos pés uma tira passa por baixo deles.
a malha é opaca assim como as sapatilhas.
uma tiára discreta adorna a cabeça nua.
prólogo
no clarão da lua... só poderia ser noite. “night” era inglês. pedrês. cinzazulente por detrás do purpúreo ouro da lua cantriz. que
encanta (va) interpretando tudo o que quis.
– aos poetas. loucos. lunático. paranóicos. para-didáticos. “pqp”. não era hora
de abaixar o nível nivelando-se ao lado escuro da
“nigth”. recheada de açoite. carapanã. praga. mosquito. muriçoca. pernilongos. pênis longos. ufa! há quem agüente?
cena 1
o autor senta-se diante da máquina de escrever. um foco de luz vermelha. começa a trabalhar. datilografa. erra.
tira o papel. amassa-o. joga-o fora. uma montanha de papel amassado ao seu
lado. música de astor piazzola ou um
flamenco mais frenético possível. no fundo um telão. nele projeta-se um autor
atualmente informatizado. plugado. cheio dos recursos. o autor debruça-se sobre a máquina e dorme. (black-out).
movimento 1
crianças brincam de todo bicho. cabra
cega. pega-pega. pique. pira. marmanjos brincam de esconde-esconde. não muito antigamente, não aconselhava essa brincadeira.
pelo fato de dar muita margem as iniciativas sexuais. sacanagem mesmo. “putaria”. esfrega-esfrega. mão na “bunda”. mão no pau. pau no pau. roça-roça.
troca-troca. beijos tímidos.
roubados. safados. fálicos.
lambidos. molhados. tarados. melados. gozosos. gozados. quem não gostava? _ficava de fora. _ também nunca chegaria, a saber, o que
era a deliciosidade do sabor cítrico da
clandestinidade, cometida nas quase todas as noites de lua...
cena 2
o autor disfarçado em
outras roupas, agora viaja em um trem – (música/trenzinho
caipira). outro homem viaja na mesma cabine. os dois sentados frente a frente.
examina um ao outro dos pés à cabeça. os dois ao mesmo tempo seguram
suas malas como se estivessem protegendo-as de um suposto assalto. o trem pára. os dois descem e seguem em
direção contrária. –abraçados às suas malas
– observando para trás como se estivessem sendo
seguidos. (a luz cai).
movimento 2
parece (ria) ser inda gora. “homem” escrito em
azul forte. graças a um artista gráfico. a revista do homem (em
azulito). nº. 13 de agosto de 1969 exibia um
homem. largo bonito sorriso na cara, elegantemente (mam). verdugo(nhosamente)
quebrava a cabeça da mulher para trás dos ombros... costas... ancas...
quartos... quintos atributos de uma fêmea. nua. nuda. pelada. descascada. ela não estava no contexto inicialmente “fêmea”. sim
mulher, sem qualitativo. agora, quantitativo... quanta bunda e tetas. era só a capa da revista homem escrita
em azul. apimentada. afrodisíaca.
quente. respiração ofegante. mexidos internos. o
pulso ainda pulsa arnaldo. expulsa a dor. a glande dilata. ata. palpita coração. sensação esquisita. a boca treme. seca.
sede. precipita-se um vai e vem frenético. vem. pára. exala. sabor almiscarado. cor opaca. gosto estranho e
bom.
cena 3
o autor está sentado em
um banco de praça, com a mala ao lado. um saquinho
de milho na mão, alimentando pombos. (a luz
cresce até uma tonalidade entre o amarelo e
cinza) – homem entre mago, louco e
feiticeiro entra em cena com um turíbulo na mão defumando
o ambiente. (música ao fundo). ao passar perto
daquele que já encontrava na praça, percebe-se o desconforto do
autor que solta o saquinho de milho. apressando-se em segurar e proteger a
mala. o mago observa estranhamente sem deixar de andar. o autor um pouco
sorridente se levanta do banco, sai fazendo passos de dança um pouco estranho. (b.o).
movimento 3
a lua refletia sua cor de prata e ouro no espelho rasgado pelo tempo. o
sonho já se fora. havia plantado várias árvores. agora escrevia, se não um livro, uns contos. de réis. reis. rês. algum haveria de conquistar,
pois merecia. ao ter optado por “isto ou aquilo”. não
acreditaria no discurso de não-ação? – ora não. “pôrra” meu, é (ra) de revoltar. adorar scorza,
mailer, jean genet, pêssoa,
ramos, matos, amado num dia de cão. tâmara taxan – fernanda. (a revista à mão. qualquer coisa, outra folheada).
cena 4
o despertador toca. o homem atira o travesseiro no relógio, que cai fazendo um barulho
estrondoso, como se estivesse sendo desmontado devido ao impacto. o homem
levanta, espreguiça, vai ao
banheiro, urina, sacoleja para não molhar a roupa. lava a mão volta e tradicionalmente prepara o café. serve ao público (da primeira fila). muda de
roupa. passa trajar bermuda, camiseta, boné. assovia chamando o cachorro. sai de casa para passear. caminha
tranquilamente entre as pessoas. o cão puxa abruptamente a corrente quase levando o seu dono ao
chão. o cachorro late para alguém ou coisa oculta. foge deixando o
homem sem ação. som de carro atropelando o
cachorro. impacto forte. morte instantânea. música
comovente. homem chora a perda, suspira a perda. como se dissesse: foi bom
enquanto durou. (musica) ele sai dançando com passos estranhos.
movimento 4
ele não tinha motivo para comover-se.
mas, haveria de estar em movimento, ora chorando, ora cantando, ou sorrindo.
ainda que no lançamento ao
vento ou ao lixo. depende do entendimento. sentimento. somos muito racionais.
que droga que nada. quando é que doidos
e livres caminharão juntos,
numa mesma carroça?
limusine? jatinho? helicóptero.
cruzeiro. trem em movimento, satisfeitos pelo que são e podem fazer não pelo que possuem? a não ser o dom de escrever de
verdade. algo que ficou para augusto dos anjos, joyce, adonias filho, poe,
pound. a caminhada é a mesma. só mudam os tripulantes. ativos.
passivos. com ou sem juízo. questão de sorte. oportunidade ou morte.
uns vão. gozam. provam. são bons. fizeram. fazem.
aconteceram. acontecem. tecem. outros ficam. às vezes lhes falta passagem de ônibus. navio. circular. trem. amém. amém!
cena 5
entrando em casa, liga a tv. no ar, matéria sobre queimada. levanta-se da cadeira ou rede. corre
em círculo pelo espaço, pega um regador de flores,
enche-o de água. quando vai saindo, pára. volta, olha mais uma vez para
o noticiário. procura desesperadamente
algo. encontra um penico que bota na cabeça e sai correndo como se cavalgasse num cavalo de pau.
(sonoplastia).
Movimento5
besteira. dinheiro para ir a londres falar com marcio sousa. garcia marquez – mais fácil um encontro com shakespeare.
quem sabe um vinho com salomão. diante
dele, pedindo direção. orientação. proteção. sabedoria. o homem não sabia o que fazer. rezar ou
chorar? outra vez os pulsos cortar? enfiar o dedo no anel e converter-se ou
comover-se ao cometer um casamento? só se topasse uma parada que conciliasse o lado privado, a
fim de manter-se do próprio
marketing. um escândalo
arrojado. uma história mal
escrita vira livro. dá dinheiro.
quem sabe assim? ele arquitetava. não seria necessário o escândalo do
casamento arranjado. mas sim o escândalo do conto nos jornais, revistas, exposições, folhetins. o ideal era não perder tempo e divulgar.
visualizar. aí o escândalo poderia levar ao casamento
que não fosse comum. que celebre a
liberdade. respeito. nada de opressores nem oprimidos. onde pudesse perceber ao
longe, mesmo que só sobre o
luar da lua cantriz que encantava males e relaxos desejos... voluptuosos. onde
machos bichos fêmeas índios castos deuses reis ateus
bandidos mocinhos heróis negros
amarelos vermelhos brancos ricos pobres domésticos engraxates garis guris santos profanos doidivanos
vilões e toda raça humana possa apertar as mão e dizer até sempre!
cena 6
volta exausto com o rosto todo sujo de cinzas. atira o penico e o
regador por sobre algum móvel. começa a tirar a roupa. primeiro a
camisa. o sapato. quando vai tirando “as calças”, lembra que está sendo assistindo pelo público e que talvez ele não seja ator, pára. vai ao banheiro, fecha a
porta, só se vê uma sombra em movimento de
despir-se. batidas à porta. ele
fica assustado. olha de um lado para o outro. encena que vai até a janela. tenta abrir e não consegue. as batidas continuam na porta. cada vez mais
apavorante e ele apavorado. põe-se a
vestir-se desesperadamente. (música experimental
fato). mudanças para alívio imediato. cessam-se as batidas
na porta. fica um pouco mais tranqüilo. volta a tirar a roupa. (no banho). sombra de uma
pessoa que espia. suspense. a sombra se aproxima sem ser notada. cada vez mais.
aumenta a música. a sombra aproxima. um grito
ensurdece a platéia.
movimento 6
pensando em como executar seus planos, o homem sentindo-se cansado,
sorriu. vida de autor é dura.
tinha que dar nó em pingo d’água. coincidência ou não, ele iria dormir com aquela idéia na cabeça de vento. funcionaria. o autor não debruçara sobre a mesa por falta desta.
guardou a caneta bic que deu uma força na escrita. coçou o saco com vontade. se continuasse gozaria outra vez
involuntariamente. autômato cortou
a ponta do baseado com a tesoura. acendeu e fumou tragando profundamente.
folheia uma revista, bebe uma cerveja, ao fundo, um porta-retrato com a foto do
perfil de um moço louro, como que fazendo pose de
movimento de atividade marcial, bem no canto da foto. para frente.
cena 7
um homem vestido de vestido branco. com possibilidade de ter um anjo e
um diabo disputando a alma do dito ser emblemático que gritara de medo no banheiro. disputam de forma
descarada na cara ou coroa. o anjo vence. o diabo ainda tenta trapacear. não consegue. a alma se salva. o anjo
sai abraçado ao homem dançando e fazendo os mesmos passos
estranhos conforme a orientação do
diretor. (b.o).
movimento 8
agora era hora de pensar em sobrevivência. se sobrasse tempo, dedicaria seu tempo integralmente
ao ofício de escrever maluquices,
sonhos, fantasias, ele gostaria de mostrar um trecho de alguma de suas histórias absurdas, que falasse de
possibilidade de haver espaço para cada
estrela ou constelação de cada
um onde os direitos e deveres fossem iguais e sem trapaça. que ninguém fosse apenas espectador de seus
filmes, sim, que pudessem protagonizar o espetáculo da vida e da morte em sua totalidade. no clarão da lua.
cena 9
o autor acorda assustado. verifica o próprio corpo. espantado. como se dissesse: estou vivo. graças. foi apenas um sonho. conclui o
seu trabalho feliz da vida. a música
aumenta, o autor sai dançando
aqueles passos de dança
doieda do sonho. (black-out).
último movimento
a luz acende. black-out. um pingo de luz na escuridão. os refletores começam a dar forma a lua do início. um clarão. luz cor de ouro. a sombra de dois homens de mãos dadas surge do fundo,
caminhando em direção da platéia. sugere que eles estão se apresentando ao final do
espetáculo. a música sobe. luz na platéia. (sugestão: holofotes devem incomodar a visão do público, por um curto espaço de tempo, e retornar em clima
ameno de final de espetáculo).
fim
vilhena, 28 de janeiro de 2006.
ladeira do suspiro
estação das águas
quinta-feira, 6 de junho de 2013
REFLEXÃO
SE
(Ruyard Kipling)
Se
és capaz de conservar o teu bom senso e a chama
Quando
os outros as perdem, e te chamam disso,
Se
és capaz de confiar em ti, quando de ti duvidam
E
no entanto perdoares que duvidem,
Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança
E não caluniares os que te caluniam,
Se és capaz, de, sendo odiado, dar
ternura,
Tudo sem pensar que és sábio ou um
modelo dos bons,
Se
és capaz de sonhar, sem que o sonho te domine,
E
pensar, sem reduzir o pensamento a vício,
Se
és capaz de enfrentar o triunfo e o desastre
Sem
fazer distinção entre estes dois impositores,
Se és capaz de ouvir a verdade que
disseste,
Transformada por canalhas em armadilhas
aos tolos,
Se és capaz de ver destruído o ideal da
vida inteira
E construí-lo outra vez com ferramentas
gastas,
Se
és capaz de arriscar todos os haveres
Num
lance corajoso, alheio ao resultado,
E
perder e começar de novo teu caminho,
Sem
que ouça um suspiro quem seguir ao teu lado,
Se és capaz de forçar teus músculos e
nervos
E fazê-los servir se já quase não
servem,
Sustentando-te a ti, quando nada em ti
resta,
A não se a vontade que diz: Enfrenta!
Se
és capaz de falar ao povo e ficar digno
Ou
de passear com reis conservando-te o mesmo;
Se
não pode abalar-te amigo ou inimigo
E
não sofrem decepção os que contam contigo,
Se podes preencher todo minuto que
passa
Com sessenta segundos de tarefa
acertada
Se assim fores meu filho, a Terra será
tua,
Será teu tudo que nela existe
E
não receies que te o tomem
Mas,
ainda melhor que tudo isto
Se
assim fores, serás um HOMEM.
DNA
Quase todos são iguais
Na semelhança e na diferença
Dos ideais e da essência...
Por mais que sejamos
iguais
A diferença nos distrai
A vela que flameja
Ilumina a veia que pulsa
É a mesma que dilata
E contrai o “DNA” que vai
O sangue entra e sai
Trafega por túneis espirais
Onde ninguém é igual
Nem diferente
Gente não é gente não
Gente é brinquedo em construção
Que paga leva dar o sangue
Por um riso em desconstrução?
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